Aprenda à lidar com conflitos em empresas familiares
Conflitos em empresas familiares ocupa um setor de 80 a 90% de todas as empresas do mundo. Especulações, conflitos de interesses, ciúmes acerca da transmissão dos bens e do comando dos negócios familiares são os fatores mais presentes em muitas das famílias que detêm algum patrimônio.
Por serem parte de um segmento tão expressivo economicamente, as empresas familiares devem ser geridas com responsabilidade, senso crítico, e, sobretudo, visão e planejamento estratégico.
Geralmente, um conflito ocorre quando não há convergência de ideias e interesses. No contexto organizacional, eles são praticamente inevitáveis, tendo em vista que se trata de um ambiente com pessoas que apresentam posicionamentos, bagagens e perspectivas diferentes.
Normalmente quando o conflito não é mediado, tende-se a considerar a tomada de decisão de quem ocupa o cargo maior na hierarquia. Certamente, essa não é a melhor solução, por se tratar de uma decisão arbitrária.
Ainda que a decisão da liderança seja entendida como a mais certa, a falta de transparência na mediação do conflito dá ao liderado o sentimento de injustiça. Em suma, esse sentimento de desvalorização acaba por aumentar os níveis de insatisfação e ocasionar o aumento do turnover e do absenteísmo.
Seja como for, fato é que os conflitos são um dos principais motivos que impedem a sobrevivência de empresas familiares que, apesar de representarem quase 90% das empresas brasileiras, dificilmente conseguem chegar à terceira geração (5% apenas).
Talvez isso se deve ao fato de que, nesse tipo de empresa, é comum haver mais informalidade nas relações entre os membros da mesma família que trabalham no negócio. Além, é claro, da dificuldade em separar o lado pessoal do profissional.
Com isso, neste post explicaremos quais são os principais conflitos em empresas familiares e como resolvê-los. Confira!
O que é gestão de conflitos?
A gestão de conflitos é o conjunto de métodos e processos que são tomadas no sentido de administrar e solucionar situações de discordância já instauradas e evitar que outras venham a surgir no futuro.
Sendo assim, é uma forma de mediar os impasses entre pessoas ou times, diminuindo seu impacto negativo e tornando a situação de conflito algo produtivo, buscando assim, entender os lados divergentes e encontrar um meio termo que seja bom para todos os envolvidos.
Algumas empresas grandes, que possuem um alto número de funcionários, costumam criar núcleos específicos voltados exclusivamente para a gestão de conflitos dentro do setor de Recursos Humanos.
Quando gerenciados de forma eficiente e didática, os conflitos podem ser convertidos em grandes oportunidades de aprendizado e crescimento pessoal e profissional.
O objetivo então, é mediar e resolver impasses, por meio de negociação, a fim de reduzir ao máximos as consequências que o conflito em questão pode trazer.
Quais os principais motivos dos conflitos familiares?
Separamos agora, os 8 principais motivos que fazem com que hajam conflitos em empresas familiares. Veja logo abaixo!
1. Conflito de gerações
A principal causa do conflito de gerações é o senso comum (ou preconceito) de que as gerações seguintes à sua são sempre superficiais, rasas ou incapacitadas de alguma forma.
Por conta deste conceito pré-estabelecido, novas propostas de gestão e liderança, ideias inovadoras e disruptivas tendem a ser vistas com maus olhos. Isso contribui para a criação de uma forte resistência da gestão anterior (muitas vezes formada por uma geração mais antiga) à incorporação do novo líder à empresa.
2. Falta de diálogo
O diálogo é algo vital para a relação das pessoas. Principalmente em uma empresa, onde a convivência diária demanda interação contínua. A falta de conversa entre casais ou entre pais e filhos com certeza desestrutura qualquer negociação. É preciso dialogar o tempo todo com empatia e compreensão. A comunicação é uma via de mão dupla. Então deve-se sempre falar e ouvir.
3. Conflito de interesses
Aqui, também temos um outro exemplo comum entre os conflitos em empresas familiares: o conflito de interesses.
De forma geral, podemos dizer que o conflito de interesses ocorre quando há choque entre as expectativas e desejos de diferentes membros da família em atuação na empresa. Na prática, conseguimos observar o conflito de interesses em:
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Momentos de transição de lideranças, quando dois ou mais membros da família almejam o mesmo cargo;
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Definição de estratégias e processos organizacionais, quando os planos de negócio de diferentes membros da família são diferentes e conflituosos;
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Implantação de novas metodologias de trabalho, como a criação de uma cultura inovadora na empresa. O conflito, neste caso, ocorre quando diferentes membros da família pensam de formas distintas sobre a essência da cultura organizacional.
4. Protecionismo
A maioria dos pais pensa que seus filhos serão seus sucessores naturais dentro do negócio, mas esse sentimento nem sempre condiz com a realidade. Somente com o diálogo e o estabelecimento de regras claras para todos os envolvidos é que os conflitos podem ser administrados de modo a evitar desavenças familiares, falta de profissionalismo no dia a dia da empresa e até possíveis batalhas judiciais.
5. Decisões baseadas na emoção, e não na razão
Outro desafio para quem administra ou trabalha em uma empresa familiar é a dificuldade de guiar tomadas de decisão estratégicas pela razão, e não pela emoção.
Possivelmente, os fatores acima mencionados influenciam para que, em momentos decisivos, como momentos de crise e planos de crescimento da empresa, o corpo gerencial enfrente dificuldades em deixar de lado aspectos pessoais para se concentrar apenas em uma visão racional do negócio.
A influência dos problemas pessoais e desentendimentos a nível familiar nos negócios pode trazer obstáculos indesejados para a gestão das empresas.
6. Rivalidade entre irmãos
Em uma empresa familiar, problemas podem ocorrer quando as pessoas não são maduras o bastante para separar assuntos familiares de profissionais. Uma situação muito comum de atrito entre irmãos se dá quando precisam decidir quem sucederá o pai. Empresas que abrigam rixas desse tipo tendem a viver constantes conflitos, que muitas vezes arruinam negócios de longa data.
7. Interferência de parentes que não atuam na empresa
Além dos conflitos em empresas familiares mencionados anteriormente, há, também, a influência externa nos negócios da empresa.
Quando dizemos “externa”, nos referimos àqueles familiares que não trabalham diretamente com o negócio, mas sentem-se à vontade para opinar no gerenciamento da empresa. Isso ocorre informalmente, em reuniões familiares, como almoços ou visitas, ou formalmente, em visitas à empresa e na participação indevida de reuniões e tomadas de decisão.
8. Ciúmes do negócio
Muitas empresas são fundadas e administradas pela mesma pessoa durante décadas. Em alguns casos, cria-se um ciúme do negócio que pode atrapalhar a relação familiar, havendo inclusive resistência em passar o bastão à próxima geração. O gestor da empresa tende a centralizar todo o poder e decisões em si mesmo, não permitindo que os familiares se preparem para o momento de assumirem mais responsabilidades dentro da empresa.
Como resolver os conflitos familiares?
Após vermos quais são os conflitos que mais ocorrem nas empresas podemos juntar as soluções que podem ocorrer.
Profissionalizar uma empresa familiar pode parecer desafiador, afinal, há diversas lideranças batalhando para que seus pontos de vista se sobressaiam aos demais.
Entretanto, com a clareza de alguns conceitos e práticas, fica mais fácil entender e aplicar a profissionalização da empresa familiar. A seguir, falaremos sobre alguns deles.
1. Definição clara de missão, visão e valores do negócio
O primeiro passo para profissionalizar uma empresa familiar é definir, de maneira clara, os valores que regem o negócio.
Ter os valores da empresa acessíveis e claros para todos auxilia no entendimento do propósito daquele negócio. De quebra, ainda ajuda a minar casos em que familiares trabalham no negócio sem saber ao certo o que fazem ou por que fazem.
No vídeo abaixo, você entende melhor como funciona o processo para definir a missão, visão e valores de uma empresa ou projeto.
2. Alinhe expectativas
Muitos conflitos são gerados devido à falta de alinhamento das expectativas entre os sócios familiares.
Portanto, é importante manter alinhadas as expectativas individuais de cada familiar e os objetivos estratégicos da organização.
Uma maneira prática e objetiva de alinhar expectativas é por meio de feedbacks, assim, estabeleça essa prática em sua empresa.
3. Segmentação clara de atividades na empresa
Outra forma de minar conflitos em empresas familiares é criar uma segmentação clara de atividades na empresa. Esta segmentação pode começar no nível gerencial, definindo os cargos com poder decisório e os cargos de apoio. Dessa forma, o escopo de atuação de cada membro da família torna-se padronizado e formalizado, reduzindo, assim, as possibilidades de desvio de função ou interferência inadequada em processos.
4. Tenha um estrutura hierárquica bem definida
Em empresas familiares, as linhas que traçam os limites hierárquicos podem facilmente ficar nebulosas.
Sendo assim, defina um organograma da estrutura organizacional da empresa para delimitar a posição hierárquica de cada sócio familiar e suas respectivas responsabilidades.
5. Criação de um bom plano de sucessão
Ter um bom plano de sucessão é uma forma de lutar contra o conflito de gerações — um dos mais comuns conflitos em empresas familiares.
O plano de sucessão é um documento formal que detalha o passo a passo da transmissão de um cargo de liderança na empresa. Este plano deve ser colocado em prática com antecedência, para que o líder sucessor consiga se familiarizar aos valores do negócio e ao modus operandi da empresa.
Com uma boa gestão de sucessão, é possível mesclar, de forma saudável, os aspectos bem-sucedidos de ambas as gerações envolvidas no processo.
6. Preze pelo profissionalismo no ambiente organizacional
O ambiente de trabalho em uma empresa familiar deve o mais profissional possível.
Questões pessoais devem ser deixadas de lado, preservando os interesses da organização como um todo.
7. Estruturação de processos organizacionais claros
Para finalizar nossa lista de dicas de ouro para a profissionalização da empresa familiar, vamos falar sobre estruturação de processos.
Tanto quanto um plano de sucessão para a liderança, a estruturação de processos guia o time de colaboradores para que trabalhe sempre de maneira alinhada ao propósito do negócio.
Isso garante que, independentemente da geração ou da equipe que compõe o corpo diretor, o negócio sempre caminhará de maneira paralela aos valores idealizados para o negócio.
8. Estabeleça critérios claros para a contratação de familiares
Em uma empresa familiar, muitos dos conflitos são gerados devido à contratação de familiares.
Por quê?
Porque há casos em que não são devidamente qualificados para exercerem as funções do cargo que ocupam. Assim, causam ressentimentos em alguns colaboradores que não são da família.
Portanto, é imprescindível para a gestão de conflitos estabelecer critérios que deverão ser seguido à risca sempre que houver necessidade de compor o quadro de funcionários.
9. Combata o autoritarismo das lideranças
Especialmente em empresas familiares comandadas por um patriarca ou uma matriarca, é comum observar certo autoritarismo dessas figuras que ocupam posição de liderança.
Esse comportamento favorece a geração de conflitos e, por isso, precisa ser combatido.
10. Promova uma comunicação interna clara e eficiente
Muitos conflitos poderiam ser evitados se houvesse uma boa comunicação entre as partes.
Partindo desse princípio, veja algumas boas práticas de comunicação interna:
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Tenha uma boa estrutura de comunicação interna;
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Estimule o diálogo;
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Faça reuniões periódicas para que todos possam expressar suas ideias e pontos de vista sobre determinados assuntos;
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Conte com uma equipe ou pessoa responsável pela comunicação interna.Quando há uma comunicação clara entre colaboradores e sócios, fica mais fácil ir até a causa raiz dos problemas e encontrar soluções eficazes para as situações de conflito.Além disso, evitam-se rumores e informações desencontradas.
11. Faça um Acordo Familiar
O acordo familiar é um conjunto de regras e de normas que determina como será a relação entre a família, os sócios e a empresa. Cada família deve definir os itens que constarão em seu Acordo Familiar
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A família deve discutir cada problema que pode surgir ao longo da existência da empresa e definir em conjunto como resolvê-los.
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Documentar por escrito essas decisões prévias para consultá-las sempre que preciso.
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Pegar assinatura de todos os membros da família no acordo familiar.
Não esqueça que familiares que não trabalham na empresa não recebem salário (pró-labore), mas legalmente têm direitos sobre a empresa. Por isso pode ser importante incluí-los nas grandes decisões do negócio, tanto nas definições do Acordo Familiar quanto do Conselho Familiar.
12. Constitua um Conselho Familiar
O Conselho Familiar é um grupo de pessoas que se reúnem periodicamente para a tomada de decisões sobre determinados assuntos. Ele pode conter ainda pessoas externas à empresa, como outros empresários e consultores terceirizados.
Dicas para a constituição de um Conselho Familiar
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Participantes: podem ser incluídos todos os membros da família ou alguns que representam o interesse de todos e pessoas externas à empresa, como outros empresários e consultores.’
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Periodicidade: é importante decidir quando o conselho vai se reunir e por quanto tempo, levando em consideração o objetivo dessas reuniões.
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Objetivo: através do conselho, muitas empresas familiares decidem o código de ética, fazem o planejamento estratégico, avaliam como está o cumprimento das metas estabelecidas, definem os critérios para ingresso de membros da família na empresa, decidem o processo de preparação de herdeiros e de sucessão na gestão da empresa. É também o momento de resolver problemas, conflitos e crises da empresa.
13. Documentar é prevenir
Por fim, lembre-se de sempre documentar toda e qualquer decisão tomada em conjunto na empresa familiar.
Seja relativo às decisões de hierarquia, definição de organograma, ou até mesmo quais serão os pré-requisitos para uma possível promoção entre os membros da família: documentar e contar com a assinatura de todos os interessados e presentes evitará inúmeros problemas, tanto agora, como no futuro.
Conclusão
As empresas já atuam em mercados altamente competitivos. Viver em conflito também dentro da empresa e da família pode ser muito desgastante e ruim para os negócios, diminuindo inclusive a produtividade e competitividade.
Infelizmente dinheiro, poder e família são ingredientes que podem resultar em conflitos. Para evitá-los, os chefes do lar precisam ser transparentes em suas decisões. A melhor solução pode ser antecipar esses possíveis conflitos para administrá-los.
Um caminho para muitos desses problemas é o planejamento da sucessão. Ele é capaz de antecipar eventuais disputas de interesses entre as novas gerações, decorrentes da futura divisão dos bens ou da condução dos negócios, e criar regras e instrumentos jurídicos que possibilitem a administração desses conflitos com racionalidade e profissionalismo.
Empreender em família é algo absolutamente comum e traz enormes vantagens. Porém, os desafios de convivência são grandes e devem ser cuidadosamente tratados para que se consiga focar no desenvolvimento da empresa mais do que no ajuste das relações.
O segredo está em buscar o máximo comprometimento dos sócios para o sucesso do negócio e criar um ambiente de cumplicidade e unidade em torno dos objetivos comuns para aproveitarmos ao máximo as vantagens de empreendermos com nossos queridos familiares.
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