A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aprovou o reajuste de 15,5% dos planos de saúde para o período de maio de 2022 até abril de 2023 e será aplicada na data de aniversário dos convênios. O reajuste é o maior desde o início da série histórica em 2000.
Em entrevista à CNN, Paulo Rebello Filho, diretor-presidente e diretor de gestão da agência, declarou que o motivo do aumento é a volta de despesas assistenciais, que tiveram uma queda em 2020 com a chegada da pandemia do COVID-19.
Os custos assistenciais são os valores pagos pelas operadoras aos prestadores de serviço da rede credenciada do plano. São as despesas com honorários, terapias, exames, consultas etc.
Segundo Paulo Rebello, o avanço da vacinação e o aquecimento da economia foram os responsáveis pela alta demanda de pacientes que voltaram a utilizar os serviços de saúde, como prontos socorros e hospitais.
Como o reajuste afeta os beneficiários?
O reajuste se aplica apenas aos planos individuais ou familiares e pode começar a ser aplicado pelas operadoras na data de aniversário dos contratos. Ou seja, os planos coletivos e empresariais não sofreram reajuste.
No entanto, os planos podem cobrar valores menores mesmo com o reajuste. A recomendação do diretor de gestão da ANS é entrar em contato com o seu convênio caso o valor do plano tenha subido, ou ligar para 0800 701 9656.
São 8 milhões os contratos afetados pelo reajuste, o equivalente a 16,3% de consumidores de planos de assistência médica.
As mensalidades dos planos de saúde tiveram reajuste de -8,19% no ano passado, por conta da pandemia. O aumento de 15,5% não é uma novidade. O Correio já havia antecipado que analistas e o mercado esperavam um reajuste entre 15% e 18,2%.
Dificuldades financeiras
O acesso à saúde será dificultado para mais de 49,1 milhões de pessoas, que além de enfrentar os altos preços da inflação, terão um gasto a mais para caber na conta.
O professor de economia da saúde da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (URGS) Giácomo Balbinotto explica que “O reajuste se deve à inflação alta, com aumento nos custos de serviços e equipamentos médicos, que sofrem também pressão com o câmbio e a desvalorização do real frente ao dólar. No entanto, esse reajuste irá pegar trabalhadores e famílias ainda em um momento de muita fragilidade”.
Isso pode inclusive levar à desistência de muitos beneficiários, que vão acabar migrando para o atendimento do SUS (Sistema Único de Saúde).
“Isso vai impactar de forma significativa o Sistema Único de Saúde (SUS), que terá de arcar com maiores custos com exames clínicos e internações. Então, o efeito desse reajuste, embora necessário para manter a sustentabilidade das empresas, vai fragilizar ainda mais essas famílias”, avaliou o professor.
“Cabe lembrar que há uma população relativa mais vulnerável, formada por idosos, que já paga valor elevado para essas faixas. O plano, com certeza, vai ficar muito mais caro”, alertou Balbinotto.
A importância do plano de saúde
Ter um plano de saúde é o terceiro maior desejo dos brasileiros. O SUS tem um papel indispensável para a saúde do país. Sem ele, 84% da população brasileira não teria assistência médica básica.
No entanto, é inegável a segurança que os planos de saúde oferecem. Com um convênio médico é possível marcar consultas com médicos especializados no seu problema, além de ter acesso aos melhores hospitais e laboratórios.
Um problema enfrentado pelo SUS há anos é a superlotação, longas filas de espera e a falta de leitos para internação. Afinal, a maior parte da população utiliza integralmente os serviços do SUS.
Com um plano de saúde, você não precisa enfrentar filas e pode ser atendido muito mais rápido e ser acompanhado pelos mesmos médicos.
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